sexta-feira, 5 de agosto de 2011

+ Pedra Fria

Soneto 129
             PEDRA FRIA

Os pés descalços tocam a lápide gelada
Embrulham-me o estômago as inscrições
Turvam-me os olhos ardentes aparições
Vem a saudade e não penso em mais nada

Vem na memória a culpa de causar o erro
Que acomete a vida que partiu de mim
Prometendo saídas que teriam certo fim
Não me lembro de ter ido ao meu enterro

A inscrição na pedra traz meu nome
Relembrando o fim que já aconteceu
E que eu ainda não havia trespassado

Tudo torna-se uma massa total disforme
Resgatando algo da mente que se perdeu
Algo de morte que me trouxe ao passado

Maknim
23/05/2011

Escrevi isso em Abril quando estava no sítio da amiga Pri, depois de uma noite sem dormir, enquanto ouvia o vazio e o silêncio da manhã enquanto as meninas dormiam, eu andava em volta da piscina, pisando na pedra fria e imaginando mentalmente o soneto que comecei a escrever na noite seguinte e terminei somente no final de maio.

High Five - o/
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+ Quase

Soneto 128
             QUASE

Do quase gordo ao quase magro
Do quase eterno ao quase fim
Do quase feio ao quase belo
Do quase dizer ao quase agir

Do quase esperto ao quase tolo
Do quase louco ao quase são
Do quase amor ao quase rolo
Do quase amigo ao quase irmão

De quase em quase
O muro vai sendo
Aos poucos derrubado

E eu aqui no meio
Nesse gancho
Continuo pendurado

Maknim
20/05/2011

Sabe, quando tudo na sua vida está mudando, todos estão mudando, pessoas, situações, lugares, jeitos, conquistas, perdas, infinidades de recursos que mutam-se e nós aqui, mudando permanecendo iguais, ainda normais, por horas banais, que não fica de nenhum lado do muro.

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+ O Mais Idiota

Soneto 127
             O MAIS IDIOTA

Que animal é mais idiota que você?
Pode ser qualquer um ao seu redor
Muitas vezes não podemos perceber
Mas tem gente que a idiotice é maior

Há os macacos, aborígenes e ex-BBBs
Os juízes, jogadores e jornalistas
As zebras, antilopes e catinguelês
Os Vizinhos, diretores e humoristas

Tantos animais quanto se pode contar
Tanta gente quanto se pode aturar
Quem é mais idiota é difícil dizer

Você sempre se põe a dizer e analisar
Olha os outros mas não soube precisar
Que o mais idiota sempre foi você

Maknim
29/04/2011

Meu, o que mais vemos hoje em dia e julgamos são os "idiotas" que estão ao nosso redor, e imaginamos como alguns seres sem inteligência são idiotas também, mas nunca olhamos para nós mesmos, e somos muitas vezes idiotas, mas não aquela idiotice sadia, que é bom ter, aquela idiotice babaca que é melhor esquecer.

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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

+ Quero Para Nós

Soneto 126
             QUERO PARA NÓS

Sabe aquela rosa que você tanto queria
Te dou isso e muito mais um desses dias
Faço de tudo hoje só pra te ver feliz
Pois seu sorriso foi o que um dia eu quis

E quero a todo instante o que é verdadeiro
Você me disse um dia que eu fui o primeiro
A cativar seu sentimento e o seu coração
Que mais posso querer além dessa paixão

Não quero nada que não esteja a sua altura
Bem material que dinheiro paga e não dura
O únco bem seria morar sozinhos numa ilha

Com nossas fantasias e todas as realizações
Podemos chegar onde querem ir nossos corações
Isso sem pressa, sem querer botar um pilha

Maknim
22/04/2011

Último soneto escrito no mesmo dia, depois de uma sequencia de 4 sonetos e uma noite sem dormir, aqui, ainda embalado pelas palavras do anterior, como botar pilha, mas com uma demonstração unilateral de carinho e afeto por ela que tanto me inspira, tanto eu amo, só ela que me faz bem e me faz seguir em frente, ela que ainda vou encontrar.

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+ Minha Quebrada

Soneto 125
             MINHA QUEBRADA

Me pergunto sempre o que fazer da vida
Trombar quem representa mesmo sem saida
Não que me importe se alguém duvida
Mas as palavras do muro estão lidas

Minha vila é chamada hoje de quebrada
Pelos caras que vem lá de outra parada
Que encaram sem ter medo de mais nada
Os manos, companheiros de caminhada

Não fogem pois não fazem coisa errada
Fazer o certo já faz parte do total
Sabem que quem aqui dá suas mancadas

Logo, logo é notícia de qualquer jornal
Não da seção de loterias premiadas
Mas manchete de outra ação policial

Maknim
22/04/2011

Aqui procurei usar algumas expressões encontradas na literatura marginal, falando um pouco de como andam as coisas nos subúrbios, nas periferias, onde a cada dia mais surgem novas gírias, novos conflitos, novas "gangues", novas histórias e novos relatos.

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+ Espiandade

Soneto 124
             ESPIANDADE

Ela espia pela fechadura
E pergunta no dia seguinte
Se usaram todo seu requinte
Ela pergunta e ninguém atura

Ela vê tudo e sai comentando
Como se fosse uma real espiã
Mas no outro dia de manhã
Ela continua só observando

E se coloca a perguntar
Como ficaria melhor divulgar?
Para espalhar no mesmo dia

Pode ter sido fato consumado
Ou algo que tenha inventado
Todos sabem do buraco que ela espia

Maknim
22/04/2011

Mesmo tema da "Fechadura", mas desta vez colocando um ar de "fofoca" no ar, algo que ninguém sabe o que aconteceu e que alguém quer inventar em cima disso, não por mal, mas pelo simples costume de cuidar da vida alheia.
PS: Eu nem sei se essa palavra (espiandade) existe, ainda não pesquisei, mas veio bem a calhar para o tema da "espiã".

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+ Isolados

Soneto 123
             ISOLADOS

Eles estão lá dentro sozinhos
Estão num sítio, bem isolados
Não sabem por quais caminhos
Sair, então ficam lá parados

E quando todos ficam calados
A geada fere como mil espinhos
Os gritos não estão abafados
E isso não incomoda os vizinhos

Não há quem possa socorrer
Nem quando chega a tarde
Nem quando começa anoitecer

Mas os ruídos fazem alarde
Fazem seus corpos se tremer
Isolados como a fera covarde

Maknim
22/04/2011

Enquanto estávamos no sítio de Boituva, lembrei do filme "Os Estranhos", e imaginei se fosse conosco, e narro uma imaginação em terceira pessoa, legal ter esse tipo de pensamento, em se colocar em uma situação e narrar como um observador, não estar isolado entre feras, claro,,,rs

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+ O Efeito

Soneto 122
             O EFEITO

Eu sei, eu já posso ver
O efeito que me faz entorpecer
E quando a hora chega
A visão se põe a escurecer

Pois o efeito faz parar
E percerber, e quer se atirar
Aos braços do abismo
Onde pode então se livrar

Do mal da consciência rude
Da esperanção de uma sanidade
Esperando que alguém me acude

Esperando que haja quantidade
E antes que alguma coisa mude
Adormeço em plena felicidade

Maknim
21/04/2011

Aquele efeito que os ébrios solitários sentem, o vazio, o vácuo, o infinito.

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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

+ Dois Amantes

Soneto 121
             DOIS AMANTES

Dois amantes que nunca se olharam
Dois olhos que nunca se cruzaram
E no entanto é guardado o desejo
Nos acasos de abraços e de beijos

Dois amantes que nunca se encontraram
Dois corpos que jamais se encostaram
E juntos seguem assim, separados
Com sentimentos nunca antes demonstrados

Dois amantes sem destino
Sem querer e sem saber
Sem ao menos entender

Dois amantes clandestinos
Que não se fazem ver
Nem ao menos conhecer

Maknim
21/04/2011

Como amores virtuais...

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